Sociedade


Por: Agrado

Resolvi escrever sobre uma pequena notícia que eu li faz algum tempo dizendo que a Amazon vende mais e-books que livros. Isso, claro, iniciou uma enxurrada de afirmações, encabeçada pelos amantes de gadgets (que fazem deles uma filosofia de vida), denunciando que nossos queridos livros de papel estavam próximos do fim. Bom, sejamos cautelosos e realistas antes de sair por ai queimando bibliotecas e livrarias com o ideal que o Ipad veio pra ficar. Pensem: os livros existem a uns 2mil anos, os impressos a pelo menos 600, e agora tudo isso vai deixar de existir por conta de um aparelho de 4 anos?

A tecnologia existe para facilitar a vida das pessoas, sem contar as inúmeras vantagens que um e-Reader tem (tamanho, peso, capacidade de armazenamento, etc), mas existe um detalhe fundamental que não está sendo levado em conta: o apelo sentimental dos livros. Quem nunca sonhou em ter aquele livro da Taschen em cima da mesa da sala, ou expor uma vasta biblioteca com exemplares de arte, design, arquitetura? E aquele cheiro de impressão, em papéis colados numa capa grossa que tem inclusive uma sobrecapa para proteger. Sem mencionar que livros duram pra sempre, agora pergunte praquele seu visinho chato que já baixou toda a série do crepúsculo no Ipad onde vai estar tudo isso daqui 5 anos (se bem que eu não queria ter um livro desses na minha estante). Então, antes de decretar o fim do livro, do rádio, do LP (que por sinal, ano passado vendeu mais cópias que em 1991), ou de seja lá mais o que for, desligue toda a sua parafernália e vá ler um livro.

 

Por: Agrado

Por indicação da minha queridíssima amiga Andrea Caracortada, assisti essa semana Toast (2011), ainda sem previsão de lançamento aqui no Brasil. Me abstendo de qualquer comentário técnico sobre o filme, bem porque tem gente que faz isso muito melhor que eu, posso dizer que é simplesmente encantador. Eu, particularmente, achei a estória muito cativante, bem suave, mesclando detalhes da vida dos personagens com a gastronomia.

A película é baseada no livro autobiográfico de Nigel Slater “Toast: the story of a boy’s hunger” e narra a sua infância e juventude, a descoberta da sua própria sexualidade e por conseqüência a conturbada relação com seu pai e posteriormente com sua madrasta. Toda essa trama me trouxe uma certa nostalgia, me lembrando dos tarte tatins e das clássicas preparações –coque au vin, canard à l’orange, … – que a patroa de Nigel descongela na panela.

Toda essa overdose gastronômica ilustra quanto a comida está presente em nossas vidas e como ela é tão importante quanto a relação com os nossos pais. O autor evidencia isto por meio de dois pratos: a torrada e o merengue de limão; o primeiro seria uma alusão à sua própria mãe, uma mulher que não sabia cozinhar, que só preparava enlatados, mas que tinha uma simplicidade extremamente saborosa; o segundo, representa a doméstica fogosa, que conquista seu pai pelo estômago e que é tão complexa e elaborada quanto sua receita de merengue surpreendentemente leve.

Vale a pena assistir para lembrar que muito além assados bem feitos e tortas decoradas, a vida é feita de simples sabores, que relembram nossa infância e que nos trazem novamente aquela incrível sensação dos pratos da vó. Parafraseando Nigel “Não importa quão ruim fiquem as coisas, é impossível não amar a pessoa que fez torradas para você. Depois de morder aquela superfície crocante e a massa suave que fica por baixo, saboreando a manteiga quente e salgada, você está perdido para sempre.”

Por: Agrado

Somewhere in canada

Por: Agrado

Mafalda é um dos personagens mais cativantes das tirinhas dos jornais. Criada em 1964 pelo cartunista argentino Quino, teve suas histórias publicadas em diversos periódicos ao longo de uma década. Dotada de um humor sarcástico, Mafalda sempre foi preocupada com a humanidade, a paz e com a situação do estado. Selecionei as frases mais marcantes dela e que mais condizem com o meu, e provavelmente seu, estado de espírito:

“Pobrezinha, fizeram de você um mero capacho para limpar os pés antes de entrar no Universo” (Mafalda, sobre a lua)

“Se a vida começa aos 40, por que nascemos com tanta antecedência?”

“Se o Fidel dissesse que é boa, todos diriam que a sopa é ruim!”

“Coitado.” (Mafalda, após saber que Deus está em todos os lugares)

“Se é uma questão de títulos, eu sou sua filha. E nos diplomamos no mesmo dia! Ou não?”

“Boa noite mundo! Boa noite e até amanhã, mas fique de olho! Tem muita gente irresponsável acordada, viu?”

“Já que há mundos mais evoluídos, porquê eu tive que nascer justo neste?”

“Será que Deus patenteou essa idéia de manicômio redondo?”

“O urgente nunca deixa tempo para o importante.”

E a melhor de todas…

“Justo a mim coube ser eu!”

 

Por: Agrado

Carrie Bradshaw:

“A beleza é passageira, mas um apartamento com vista para o Central Park é para a vida inteira.”

“O mais excitante, desafiador e significante relacionamento de todos é aquele que você tem consigo mesmo.”

“Primeiro eles querem te ver duas vezes por semana, depois três vezes por semana, e então você começa cada sentença com ‘meu terapeuta disse…’”

“Meu professor ‘Zen’ disse que o único caminho para a verdadeira felicidade é viver o momento e não se preocupar com o futuro… ele morreu pobre e solteiro”

“Depois de tudo, os computadores travam, as pessoas morrem e as relações terminam. O melhor que podemos fazer é respirar e reiniciar.”

“Quando minha vida encontra-se confusa, só existe uma coisa que posso fazer… ir a uma festa fabulosa!”

“Quando Charles Dickens escreveu: ‘O melhor dos tempos é o pior dos tempos’ acho que ele estava tendo uma aventura com seu ex-noivo-casado”

“Se você está solteira, tem uma coisa que sempre deve ter consigo num sábado à noite… seus amigos.”

“Dizer ‘eu te amo’ é fácil, mas o que vem a partir disto é mais complicado.”

“Também nos tornamos ‘mais sábias’ ou somente ‘mais velhas’?”

Por: Agrado

Achei divertidíssima esta animação sobre como a França é vista pelos não-franceses. Fiquei pensando como seria a versão brasileira: mulher pelada, carnaval, futebol, carnaval, Gisele Bündchen, carnaval… o que mais?

Link.

Manu.

Amanhã, quarta feira de cinzas aqui, e fim do Prêt à Porter lá, em Paris.

Com alguns desfiles, tanto da safra de designers nacional, quanto dos mestres da moda internacionais, fico feliz em ver que cada vez mais a moda deixa de ser vista como frivolidade e futilidade e passa a ser levada em consideração como impulso para a economia e relacionada à raízes ancestrais do homem, como um verdadeiro retrato da sociedade atual tendo em vista que as roupas não são nada menos do que a maneira com que nos posicionamos no mundo.

Com o fim das temporadas de inverno desse ano algo me fez ficar com o pé atrás nessa nova maneira mais artistica/cultural/ social de ver a moda que eu vinha acreditando.

Dsquared2, Salvatore Ferragamo, Brioni, Giorgio Armani, Gucci, Missoni (só pra citar os mais “bambambans”) usaram peles de animais nas suas criações. Acho impossível que somente os ativistas do PETA gritem e que nas primeiras filas dos desfiles só se ouçam suspiros de encantamento.

Gucci

Estamos em 2011 e acredito que não se faz nem mais necessário explicar a situação ambiental em que nos encontramos. Não sou a maior amante dos animais (NUNCA seria vegetariana, por exemplo) e nem eco-chata (admito, até, cometer muitos erros no quesito ecologia), mas para que a moda seja levada mais a sério, e com tanta tecnologia em tecidos existente hoje em dia, acho vergonhoso que mestres da moda ainda tenham que usar peles de animais, retiradas num processo cruel e desnecessário.

Não vivemos mais nas cavernas, não precisamos mais matar animais pra nos protegermos do frio! E, com certeza, os designer em questão, com o talento que tem, também não precisam matar animais pra fazer coisas incríveis como se viu nas semanas de moda essa temporada.

Se é para sermos alienados e consumirmos loucamente nos preocupando somente com a beleza e não com o resto do mundo, largo agora a minha pós, meus livros e meus estudos em moda e vou passear no shopping  no maior estilo fútil e assim recuamos anos de conquistas no campo do design…

 

P.s. Por favor, revistas, sites, jornais e afins de moda, parem de publicar reportagens sobre Color Blocking! Já entendemos!!

 

Por: Caracortada

Na Superinteressante deste mês tem uma matéria sobre a Etiqueta da Vida Digital. Euparticularmente acho que todos devem conhecer as regras e ter um mínimo de bom senso, afinal, se você quiser ser um transgressor e quebra-las, precisa antes conhece-las. Portanto resolvi publicar aqui algumas das mais importantes, com meus devidos comentários e acréscimos à la Glorinha Kalil. :

 

#1- Quando você ligar para o celular de alguma pessoa e ela não atende, é melhor deixar um SMS que uma mensagem de voz. Aliás, mensagem de voz não é nada diferente das secretárias eletrônicas da década de 90;

 

#2- Não use ringtones extravagantes se você não quiser passar por ridículo em público. Opte por uma campainha simples ao invés de “meteoro da paixão”;

 

#3- Para dar um unfollow em alguém (não, não adianta, todo mundo sabe quando isso acontece) utilize plugins como o Tweetfilter que ocultam todos os tweets daquela pessoa;

 

#4- Cuidado: alguns fones de ouvido vazam o som e fica um chiado bem irritante para quem estiver ao redor. Caso você goste de ouvir música bem alto, compre um daqueles fones com borracha que servem para vedar o canal auditivo. Complementando essa regra: nunca, jamais, em hipótese alguma ouça música em público sem fone de ouvido, isso é muito brega;

 

#5- Só encaminhe correntes de PowerPoint de você tiver mais de 70 (a revista disse 50, mas eu acho pouco) e somente para seus filhos ou sobrinhos;

 

#6- Não batize redes wi-fi com nomes bizarros, porque todo mundo num raio de 100 metros saberá. Essa regra pode se estender para e-mails pessoais;

 

#7- Escreveu besteira no twitter? Se você se der conta, apague rápido. Se fizer mais de 10 minutos, deixe pra lá… escreva mais uns 3 ou 4 tweets pra passar pra outra página. Sempre vai ter alguém que leu e vai comentar depois, então não adianta esconder. Se a ofensa foi grande, se desculpe;

 

#8- Essa é boa: “@fulano Vamos no James hoje?”… o nome disso é chat ou sms, não twitter. Não encha a página dos seus seguidores com mensagens que não lhe dizem respeito. Complementando essa regra: twitter não é elevador; para você cumprimentar os outros. Tampouco telefone; para discutir assuntos íntimos (ninguém precisa saber do seu furúnculo);

 

#9- Não coloque fotos com o rosto meio inclinado ou de perfil… todo mundo sabe que isso é truque para parecer mais magro/ bonito.

 

#10- Nunca coloque uma foto sua com seu namorado (a) em redes sociais… porquê? Porque simplesmente é brega.

 

Por: Agrado

Olha só o convite do casamento do príncipe William!!!
Achei super simples, mas por isso mesmo bem elegante. Nada de letras scripts e iniciais enfeitadas… só com aquele selo no topo não precisa de mais nada…

Manu.

Da série: pra quê dinheiro se o conforto é grátis?

Na riachuelo, claro!

Por: Agrado

Da série: pra quê dinheiro se o conforto é grátis?


(Manu)

Em alguns momentos das nossas vidas é bom parar e fazer uma análise dela e de todas as coisas que estão ao  nosso redor. Isto é fundamental nos momentos de profusão mental, quando o cérebro parece ser inundado com milhões de idéias e eventuais escolhas que vão desde o que comer no jantar até o momento certo de ter um filho (e se realmente é necessário tê-lo). Podemos nos refugiar em vários lugares; como aulas de yoga ou terapias com um analista. Mas uma ferramenta muito boa para isso é a semiótica.

Parece pedante usar Peirce e mergulhar na teoria geral dos signos (que até hoje só foi estudada a fim de fazer um trabalho final sobre o Kitch) para tratar de um assunto muito mais cotidiano e carnal; parece pedante porque realmente é! Não é necessário saber de cór a diferença entre signo, símbolo e objeto para encontrar algo útil em tudo isso, na verdade não é preciso nem saber o que é semiótica ou quem foi Peirce.

Dá pra resumir toda a semiótica na máxima “quando penso, penso sobre a coisa pensada”. Isto  é muito bizarro a principio, mas se trata de um exercício simples que crianças de 5 anos praticam diariamente e nós, muitas vezes, classificamos como idiota. Achamos idiota porque na verdade para nós o mundo das idéias é como uma grande esfera de conhecimento envolta por uma espessa camada  de clichês.

Quanto mais aprendemos sobre um assunto muito específico mais o nosso conhecimento é absorvido por clichês e mais perto chegamos da alienação. Conhecer significa ver algo antigo como novo, provar algo diferente, mostrar uma nova idéia… é suspender toda essa crosta do cotidiano e buscar uma nova referência para aquilo que até hoje parecia banal, sem importância.

Saber pode ser uma mera ilusão da própria ignorância, muitas vezes é preciso desconhecer para daí reconhecer o novo. Numa frase do escritor Rubens Alves: “O pensamento é um sentido ‘mágico’ porque temo poder trazer à existência coisas que não existem e tratar as coisas que existem como se não existissem.”

Por: Agrado

Eu, particularmente, acho exótica a forma como a língua evolui. Muitas palavras acabam entrando em desuso ou mudando de significado. Quando estudamos uma língua estrangeira, por vezes acabamos resgatando esses significados na nossa própria língua. Exemplo é o verbo guardar que em português comumente é usado no sentido de possuir ou esconder (guardar numa gaveta) e em outras línguas é usado no sentindo de observar ou cuidar (garder do francês, que significa vigiar, olhar).

Boatos que existe até distúrbio psiquiátrico para pessoas que guardam muitas coisas, caso seja verdade, uns 90% da população sofre desse mal. Guardar embalagens, canetas, moedas… tudo pode ser colacionável. Eu, por exemplo, tenho desde cartões e pôsteres que meus amigos trazem de viagens até latas que serviam de embalagem.

Eu gosto de guardar as coisas não apenas para tê-las (sentido lusófono) mas para um dia, quiçá, utiliza-las como itens de decoração (sentido francófono).

De qualquer forma isso me preocupa de vez em quando, principalmente vendo minha mãe que ocupa mais da metade dos armários com coisas que ela nunca usou e duvido muito que um dia usará. É meio que um vício humano que só tem valor pro dono (a não ser que você tenha uma coleção de pedras preciosas ou vasos da dinastia ming).

Divagando sobre esse tema com uma latinha de manteiga aviação nas mãos concluo que é melhor resolver isso depois. Por enquanto ela volta para a estante, junto com a caixinha de goiabada cascão.

Por: Agrado

Numa dessas idas e vindas da praia, subi a serra dando carona pra Crica*, minha priminha de 7 anos.

Ela é uma criança muito atenta e, para eu não dormir no volante, ficou me contando que, na Índia, eles acreditam que “o Deus mora embaixo” (palavras dela), e que é muito triste porque lá eles não tem o que comer. Contou também do primeiro namoradinho: ele resolveu namorar com ela porque acha ela uma garota esperta. Eu acho que esse é um dos melhores elogios que se pode ouvir, de quem quer que seja :)

Certo momento, quando se viu desesperada porque seu repertório de histórias estava acabando, Crica resolveu cantar uma musica:

Não atirei o pau no gato
Porque isso
Não se faz
O gatinho
É nosso amigo
Não devemos maltratar
Os Animais
Miau!!!

Ai, que tédio. Parece que hoje em dia as crianças estão tão enlouquiçadas que uma simples musiquinha, a versão original (Aaaaaatirei o pau no gato, mas o gato não morreu), vai botar ideia errada na cabeça delas e elas vão sair dando paulada em todos os gatos por aí. Daí inventaram esse treco politicamente correto. Não que seja bonito maltratar os animais, mas poxa, na escola as crianças cantam isso, e, domingo, no Faustão, às 5h da tarde, elas aprendem a cantar a Fugidinha.

Sei lá, espero que todos os responsáveis pela educação de uma criança ensinem a ver o que é certo e o que é errado sem precisar privar da parte divertida da vida.

Certo que vou ensinar meus filhos a cantar Atirei o pau no gato direito. E vou incentivá-los a ensinar para todos os amiguinhos também. E coitado do primeiro que resolver atirar o pau no gato de verdade.

 

 

Por: Sole.

 

 

*Crica é um nome fictício para preservar a privacidade da autora e sua prima.

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